sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Especial

Estou cansada de sempre ter que renovar meus valores, ratificar meus posicionamentos e sempre ter que provar minha função.

Sou bióloga, com muito orgulho, mas antes de tudo, sou humanista, sou ser humano, passível de erros e sensível a quase tudo.

Quase!

Quero mudar o mundo!

E minhas ambições são todas iguais ou maiores que isso.

E não me contento com a mediocridade, muito menos a minha.

Quero ser melhor, quero buscar o melhor para mim e quero modificar cabeças, quero transformar universos e quero tentar conscientizar as pessoas, de alguma forma.

O único porém é que não consigo mudar nem mesmo as pessoas mais próximas a mim, quem dirá as distantes.

Ser levada a sério é tarefa surpreendentemente difícil.

Principalmente sevocê considera isso o limite entre sobreviver nessa selva de pedras ou não.

Estou cansada de ter que provar o meu valor.

Como ser humano, como profissional, como filha, como amiga, como irmã, como pessoa.

Não é porque tenho formação nas ciências que vou resolver o problema de todo o mundo.

Não é isso.

Não é também porque sou formada em uma área ligada ao meio ambiente, porque sou ambientalista, ecologista, amiga dos animais, ativista, e as palavras que queiram dar, que vou segurar na mão de cada pessoa e lhe dizer o que é legal, o que é justo, o que não fere, o que não maltrata e o que não tortura pessoas, animais, plantas; o que tá acabando ou não com o planeta em que a gente vive, em que todos vivemos.

Não vou fazer isso.
Não tenho essa obrigação.

A obrigação é pessoal, o dever é de todos; e não só meu.

Não vou falar mais em experimentação animal; não vou falar nos milhões de animais que são mutilados, queimados, induzidos à fome, cegueira, câncer e milhares de coisas que só trazem sofrimento e humilhação - sim, humilhação porque são seres vivos, como nós.

Não vou falar mais em economia de energia, de água, de produtos e no quanto tudo isso muda, sim, ao contrário do que todos falam e pregam, a percepção e a atitude diante de tudo que nos rodeia.

Que isso muda, sim, a perspectiva futura, inclusive para aqueles que ainda não nasceram.

Não vou mais falar em desmatamento na Amazônia, não vou falar em como estamos acabando com todos os biomas e ecossistemas brasileiros, mundiais, somente porque nos omitimos da responsabilidade e nos eximimos da culpa -todos temos culpa!

Não vou falar nos limites da ciência, não falo mais.

Não falo mais em auto-limitação, aquela tão bem definida pelo Boff.

Não falo mais em controle populacional e nem na incapacidade moral do serhumano enquanto espécie.

Não falo nunca mais.

Não vou mencionar mais a ignorância humana quando mata ou tortura um servivo por prazer, por divertimento, por desconhecimento e desinformação, por folclore e superstição.

Não falo mais dessas sandices, não falo.

Deixo de falar em exploração animal - incluo a espécie humana e todas as outras (sim, somos animais, não importa o quão especial você se considera, somos apenas macacos!) - deixo de falar em tráfico humano, deixo de falar em rodeios, vaquejadas, deixo de falar em pedofilia, não falo mais em rinhas, não falo mais em coletas indiscriminadas de espécimes, não falo mais em corrupção e todas as mazelas que afligem o mundo.

Não vou mais reclamar do resto que alguém deixou no prato enquanto milhares morrem de fome.

Não vou me indignar com a quantidade de bens que consumimos (e me incluo, em determinados momentos) sem necessidade alguma.

Não faço mais nada disso.

Cada qual com a sua consciência, cada qual com a sua capacidade de mudar, de evoluir.

Cada um por si.

E é melhor repensar essa história de que deus está por todos.

Sou bióloga, gestora ambiental (apesar de não entender o que isso realmente significa), vegetariana (em vias de me tornar vegana) e uma primata (yes!) completamente estafada de toda a macacada que estamos fazendo no mundo.

P.S. Tudo aqui é, claro, uma grande mentira.
Não deixo nem deixarei de me indignar mais - todos os dias - e de falar - com muito mais freqüência -sobre tudo isso acima citado.

:)

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